Segundo o semanário, que conseguiu identificar e divulgar os nomes de todas as vítimas de Pedrógão Grande, e que o Estado não divulga por estar em segredo de justiça devido ao processo que decorre para apurar responsabilidades criminais, outras vítimas podem estar por mencionar devido aos critérios técnicos. Casos semelhantes ao de Alzira, que foi encontrada na estrada com a cabeça e o braço partidos. A GNR já terá identificado o autor do atropelamento.
Já tinhamos divulgado um email sobre este assunto. O DN veio agora com esta noticia. Uma 65.ª vítima não consta da lista oficial. Outras poderão ter ficado de fora devido aos critérios das autoridades para contabilizar as mortes.
Alzira Costa é a 65.ª vítima do incêndio de Pedrógão Grande: foi atropelada quando fugia do fogo, mas por não ter morrido vítima de consequências diretas do incêndio – por queimaduras ou inalação de fumo – não consta da lista oficial compilada pelas autoridades, avança este sábado o Expresso.
A exceção foi para o bombeiro Gonçalo Conceição que, apesar de ter morrido num acidente rodoviário quando combatia o incêndio, está incluído na lista oficial de vítimas.
De acordo com o Expresso, nas localidades mais afetadas circulam dúvidas sobre o verdadeiro número de vítimas do fogo que deflagrou no passado mês de junho. Ao semanário, o Ministério da Justiça garante que não há mortos por identificar ou desaparecidos. Mas familiares e amigos das vítimas já se reuniram para discutir a criação de uma associação que pretende “apuramento de responsabilidades e acompanhamento das investigações”, disse ao semanário Nádia Piazza, que perdeu o filho de cinco anos. A associação deverá estar formalmente constituída na primeira quinzena de agosto.
(2 de julho de 2017)
Recebemos hoje um email, de um senhor Rosário Nunes, que nos conta o que ouviu junto de bombeiros e alguns membros da Protecção Civil que estavam em Pedrógão Grande na altura em eram divulgados as mortes sucedidas naquele incêndio. Deixamos em baixo o que recebemos:
“Caros Portugueses,
Não queria deixar cair por terra o que ouvi estes dias aqui em cima. Vim de Coimbra para auxiliar os voluntários que aqui estavam e, na altura que os fogos estavam quase dominados ouvi algumas conversas entre membros das cooperações de Bombeiros e membros da Protecção Civil.
O que vos vou contar aqui, é um simples e humilde relacto de alguém que ficou escandalizado com o que ouviu. Ainda pensei cá para mim, “onde estamos nosso senhor“.
Á medida que iam sendo divulgados os numeros de mortes do incêndio, ia ouvindo junto de alguns bombeiros relatos que indicavam que o número continuava sempre o mesmo, “60 e tal“. A um determinado momento ouvi um bombeiro dizer, “como é possivel serem sempre 60 e tal, quando os nossos colegas chegam com mais uma vitima!” parece que o número não aumentava, mas as vitimas sim.
Não ficando eu satisfeito com esta conversa e pensando eu que seriam mais uns boatos, fiz uma pequena investigação. Antes de me vir embora, contactei algumas funerárias da zona para tentar saber do número de funerais feitos e por fazer relacionados com o incêndio e para meu espanto, ultrapassavam na altura 90 funerais. Pode não dizer muito, mas fiquei surpreendido. Mesmo sabendo disto, e não tendo ficado mais uma vez satisfeito, corri algumas aldeias dos arredores, muitas que foram afectadas directamente e indirectamente com o incêndio, e perguntei a algumas pessoas nas ruas, em cafés, a quantidade de conhecidos e vizinhos que tinham morrido durante o incêndio, e mais uma vez o número estava muito perto, cheguei aos 85 mortos contabilizados. Alguns disseram que não souberam mais de amigos, nem se estavam vivos ou mortos.
Agora pergunto, porquê 64 mortos? Existe algo de mal falar em 90 ou 95, ou mesmo o número real?
Quero agradecer se puderem publicar este meu texto.
Obrigado, Rosário Nunes”
Um dos últimos comentários na nossa página diz o seguinte.
“Foram muitos mais, sim. Fui a funerais que eram ainda contabilizados como desaparecidos. E conhecendo o terreno acredito, sim, que hajam muitos para aparecer (talvez daqui a uns anos apareçam noticias do encontro de vestigios humanos pois há comunidades isoladas das quais poucos tem conhecimento)” – Escrito por, Margarida Crespo.